Princípios para trabalhar jogos na educação matemática

Aviso às mães e aos pais (INCLUSIVE para os que forem professoras (es)): “apenas” joguem com seus filhos, expliquem as regras, façam adaptações para as crianças compreenderem melhor, ensinem princípios: respeitar a vez, manter-se fiel à regra, às vezes a gente perde, etc..

O benefício pedagógico virá com as inúmeras vezes que a criança jogar.

DIVIRTAM-SE, “APENAS” ISSO!

1) Usando jogos na matemática.

Os jogos devem ser usados na sala de aula, para promover sua habilidade de coordenar pontos de vista, resolver desafios, aplicar e exercitar com significado as operações matemáticas.

São inúmeras as pesquisas que demonstram avanços significativos na compreensão e utilização das operações matemáticas pelas crianças quando o professor investe nesse recurso pedagógico.

2) Princípios de ensino para o trabalho com jogos (Kamii e De Vries, 1991):

  • utilizar jogos no cotidiano da sala de aula não é perder tempo;
  • reduz o uso desnecessário da autoridade e permite trabalhar, de acordo com o modo de pensar da criança;
  • estimula a criança a pensar por ela mesma;
  • permite que a criança exercite o seu entendimento da regra e a estimula a construir as outras regras com o grupo;
  • encoraja a cooperação entre pares;
  • permite conhecer como a criança é mentalmente ativa.

3) Como escolher um jogo? (Kamii e De Vries, 1991)

Critérios de seleção de bons jogos:

  1. Há algo interessante e desafiador para as crianças descobrirem?
  2. As crianças podem por si só avaliar seu sucesso?
  3. Todos os jogadores participam ativamente?

“(…) um bom jogo não é aquele que, necessariamente, a criança pode dominar corretamente. O importante é que a criança possa jogar de uma maneira lógica e desafiadora para si mesma e seu grupo.”

4) Como propor um jogo:

  • O jogo deve ser introduzido de maneira clara e breve.
  • Uma boa estratégia é o professor começar a jogar com as crianças, ao invés de prolongar as descrições verbais e procurar esclarecer as regras durante o próprio jogo, à medida que as crianças vão se exercitando.
  • Ao apresentar um jogo novo, o professor pode perguntar se alguém já o conhece e pedir que fale sobre ele.
  • Depois que as crianças tiverem certa prática com o jogo, procurar problematizá-lo.
  • A prática resulta da experiência, por isso sugerimos que o jogo seja apresentado, pelo menos uma vez por semana, por 4 semanas ou mais.

5) Até que ponto intervir em um jogo?

  • Quanto à direção, o mínimo possível, uma vez que o objetivo é que as crianças sejam capazes de iniciar, organizar e jogar seus próprios jogos.
  • Quanto à estimulação do pensamento, colocando a questão certa no momento certo.
  • A boa intervenção não se prende a corrigir respostas ou sugerir jogadas melhores. Ela deve ser dirigida no sentido de ajudar o grupo a perceber como cada criança pensa, contribuindo para o processo de descentração e coordenação de pontos de vista.

6) O que fazer quando uma criança não quer jogar?

  • Não obrigue, pois o valor do jogo se perde, quando ele é imposto.
  • Procure estar atento aos sentimentos das crianças, pois a recusa na participação pode estar ligada ao medo.
  • Uma boa estratégia é criar variações que possam atender melhor aos interesses e necessidades das crianças (vendar os olhos).
  • Solicitar que outra criança faça o convite para o jogo e o demonstre para o colega.

7) Qual deve ser a contribuição do educador no trabalho com jogos?

  • O papel do educador é fundamental nas atividades com jogos. Sua posição deve ser, antes de tudo, de investigador do modo de pensar da criança, para ajudá-la a compreender os procedimentos utilizados e a superar suas dificuldades e, assim, mudar sua relação com o conhecimento.
  • O profissional que se dispõe a trabalhar com jogos, deve fazer disso uma constante, já que a frequência é um fator importante e o hábito de pensar sobre o jogo, uma condição fundamental para o sucesso do trabalho.

Indicação de leitura:

BESSA, Sonia (Org.). Processo de ensino e aprendizagem matemática. Ed. Appris. 2020

Kamii, C.; De Vries, R. Jogos em grupo na Educação Infantil. ArtMed. 1991


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